domingo, 19 de fevereiro de 2017

Relaxa! Não vou tirar o turbante da sua cabeça!

Nas últimas semanas a polêmica sobre a apropriação cultural veio à tona com o uso de turbantes por mulheres brancas.

O assunto pode ser muito mais profundo do que parece e é difícil quem não tenha uma opinião a respeito. Na minha, há duas coisas que estão bem claras:

A primeira é que o turbante (quer queiram, quer não), provêm sim das nossas raízes africanas, implica ancestralidade e é um símbolo de resistência! Até ontem era visto pela sociedade branca como algo feio, mas que para nós possuía e possui um significado que transcende a “modinha”… Recentemente estive em NY a passeio, todas as vezes que usei turbante fui abordada por mulheres negras estadunidenses, me paravam para elogiar, simplesmente elogiar. Os olhares pela rua com outras mulheres negras de turbante (e as vezes sem ele) se entrecruzavam com frequência, era de mera cumplicidade. Sabe como? Aquelas mulheres cresceram em um país totalmente diferente do meu, falam outro idioma, não sei nada da vida delas nem elas da minha, mas não importa, ambas sabemos que debaixo daquele turbante há luta, força, lágrimas, resistência, aceitação, episódios de racismo em própria carne e outras tantas coisas que só quem é mulher preta conhece, independente do seu país, religião, classe social... Sim, os nossos turbantes falam! Mas o que eles dizem somente nós podemos ouvir.


A segunda é: o branco está achando o nosso turbante bonito, moderno, descolado, blá blá e deu pra usar. Usem, sintam-se a vontade, nunca terá o mesmo significado que para nós, isso é óbvio e por este motivo, mais que incômodo me parece cômico, perder o foco com isso me parece até preocupante. É como se de repente eu começasse a usar burca por achar que está na última moda…
Por tanto, White People, relaxem: não serei eu quem arranque o turbante das vossas cabeças, até porque a atitude arrancar, tomar, privar, tirar… é algo que vocês vêm desempenhando muito bem: nos tirando o acesso à educação, à sanidade, à dignidade, ao amor próprio, à autoestima, à nossa historia e ancestralidade, etc, etc, etc. Não pretendo jamais usurpar esse seu trabalho sujo, pois por muito que vocês queiram inverter os papéis, infelizmente, eu continuo sendo a vítima, não vocês!


sábado, 7 de janeiro de 2017

Primeira Astronauta Negra na Estação Espacial

Na quarta-feira passada a NASA anunciou que a astronauta Jeanette Epps será a primeira astronauta negra a embarcar na Estação Espacial Internacional (ISS). Em total somente 200 atronautas visitaram a ISS e até o momento nenhum negro.


A NASA já enviou 14 astronautas negros para o espaço ao longo das décadas, mas nunca nenhum ficou a bordo da ISS como um membro da tripulação. Jeanette será a 1ª negra e a 13ª mulher a chamar a ISS de casa desde que a estação espacial foi fundada em 1998.

Atentos ao currículo da nossa astronauta: formada em física, tem doutorado em engenharia aeroespacial. Trabalhou durante 7 anos na CIA,  fala russo e por aí vai!

Depois dessa notícia só aumenta a vontade de assistir o filme "Hidden Figures (Estrelas Além do Tempo)”, que está prestes a ter estréia aqui no Brasil e que conta a história real de três mulheres negras que desempenharam papéis cruciais na NASA no ano de 1962.



Parabéns Jeanette Epps, como profissional, mulher, negra, é uma vitória para muitos!